quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Serpente


Me parto, me mordo, me absorvo, na vã tentativa de expurgar esse demônio que habita em mim. Minhas vísceras ardem e me reviro em busca de um remédio, ou veneno. Oh por quê? Deixo Stanislavski de lado e dou meu melhor lado shakespeariano. Não, não, não, isso me rasga e devora e subtrai de mim todo meu fôlego e que vertigem. Tem um cigarro aí? Uns solos de guitarra, um deck escuro, rum para eu me sentir um pirata. Agora preciso de algo para eu ocupar as mãos: você. Mas novamente elas voltam e me arranham e as marcas estão no meu corpo que não é meu e sim seu, na verdade não existe mais nada nem meu nem seu, é nosso suor, são nossos braços, nossos gemidos, quase gritos, te aperto então desesperada, por favor, me tome, me consuma, não saia mais de mim porque tudo é frio quando não estamos assim, envoltos em líquidos e risos. Me enrosco em ti e assim deixemos o amor fluir. Ou a volúpia. Nessa noite não vejo muita diferença. Fiquemos com os dois por hora. Deixe-me então adentrar em teus olhos porque elas me perseguem, deixe-me fugir de tudo contigo, venha, venha, musa rodriguiana sou, eu sou capaz de tudo, não sou capaz de nada, deixe-me ser sua nos fogos de beltane, me tome como tua, me tenha como se fosse a última vez. Mas se apresse ah aí, por favor, elas sufocam, mas nossos suspiros e movimentos podem mantê-las longe, as sombras, elas que vivem nas casuarinas, que cantam sinistramente uma música medieval há muito esquecida, talvez seja Morgana quem as toque, talvez o bardo aleijado, por falar nisso, não, não, não é nisso, mas você me remete a tudo e tudo me remete a você, meter, e não é isso que estamos fazendo nesse momento anacrônico? Você em mim e meus laços em você, mas não é disso que eu estava falando, na verdade é disso sim, a questão é que nada é mais lindo que teus braços brancos te apoiando acima de mim e teus olhos perscrutando meu rosto desvairado como nenhuma serpente faria porque esse veneno é só seu. Então me engula, me pique, me mate, mas não saia de mim.

5 comentários:

  1. Se eu fosse exprimir por palavras eu me perderia. melhor me perder em teus braços, em teus beijos, em teus sonhos, que aliás não são mais seus e sim nossos.
    em síntese, Eu Amo Você sua desvairada rosa.
    não, não saio de voce, se me permitir isso.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Desvairada foi como seu comentário me deixou. Eu amo você e não posso escrever mais nada.

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  4. Agora eu vi que apareceu como removida a postagem, enfim, gostei muito do texto. Parabéns!

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  5. perdi a senha desse blog, gente http://afolhadonaometoque.blogspot.com/

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